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O Ciclo PDCA começa pelo P, certo? Nem Sempre!

O Ciclo PDCA começa pelo P, certo? Nem Sempre!

Vamos comentar nesse blog um pouco sobre a história recente do PDCA.


Historicamente o PDCA se desenvolveu ao longo de pelo menos 300 anos de pensamento filosófico. Passa por pensadores como Copérnico, Kepler, Telésio e Da Vinci que já se indagavam sobre a melhor maneira de desenvolver conhecimentos válidos, fugindo assim do dogma acerca do mundo físico, baseados na metafísica aristotélica.


Galilei estabeleceu a primeira sequência de passos para a geração de conhecimentos válidos, composta pela “observação, análise, indução, verificação, generalização e confirmação”. René Descartes e Francis Bacon, também descreveram seus métodos, fundamentados cada qual em sua própria crença sobre como chegar ao conhecimento.


Como a intenção não era resolver problemas, a sequência não continha etapas de aplicação do conhecimento adquirido. Outros filósofos acabaram influenciando a criação do PDCA, para se tornar o modelo que conhecemos nos dias de hoje. Os filósofos? Sim isso mesmo!


O ciclo de Shewhart (PDS) em sua ideia original foi alvo de objeções. Ishikawa logo concluiu que o “plan-do-see” não era adequado para o povo japonês, pois a seu ver, o significado do verbo see – ver, olhar – propiciava a atitude passiva de apenas se manter em expectativa. Sim é isso mesmo: plan-do-see (planejar-executar e ver)!


Moen e Norman (Evolution of the PDSA Cycle. Disponível em http://deming.ces.clemson.edu) contam uma história que teria sido relatada pelo Dr. Noriaki Kano. Afirmam que Deming ensinou aos japoneses que o verdadeiro sentido de see não é apenas ver ou revisar, mas sim tomar uma ação, ou take action em inglês. Como essa ideia lhes pareceu mais consistente, os japoneses rapidamente incorporaram action, omitindo take. Assim, o modelo adotado no Japão passou a ser o plan-do-check-action, que é o PDCA conhecido atualmente.



Aqui retomamos a nossa pergunta do início do Blog: o PDCA sempre inicia pelo planejamento? Se você respondeu sim, saiba que isso não foi um consenso. Quando da introdução do ciclo do PDCA no Japão, além da objeção ao “See” houve outra objeção que nos leva à reflexão de hoje: onde se iniciaria de fato o ciclo quando ele estiver sendo utilizado para resolver problemas? Quando o processo segue um fluxo normal é fácil relacionar o PDCA ao fluxo, pois parece bastante razoável se iniciar o trabalho pelo planejamento. Porém, quando o PDCA é utilizado para a melhoria, há uma pergunta que repete que é relativa a sobre como planejar uma correção de algo que não se conhece muito bem. Essa mesma pergunta foi feita a Deming depois de sua viagem histórica ao Japão em 1950. Shoichi Shimizu, Professor da Universidade de Nagoya, escreveu a Deming para lhe perguntar onde se inicia o ciclo PDCA quando utilizado para resolver problemas. Shimizu lhe ofereceu três alternativas e a que Deming indicou foi o Check. Estava assim criado o ciclo CAPD, que é um modelo bastante aplicado em análise de padrões de falha e na ação corretiva.


O PDCA é mais adequado numa abordagem de projeto, onde prevalece o raciocínio dedutivo. O CAPD inclui a correção do efeito do problema que atualmente chamamos de correção, com a ação corretiva, que trata das causas do problema.



Assim, ao resolver um problema usando o CAPD, o usuário não gira um ciclo, mas um ciclo e meio, pois precisa avaliar e agir duas vezes: a primeira sobre o efeito e a segunda sobre a causa!


Um abraço a todos.


Fale comigo: paulo.vivid@gmail.com

 

Crédito: Este texto é uma adaptação do artigo “PDCA: origem, conceitos e variantes dessa ideia de 70 anos” do Mestre e estimado amigo Claudemir Y. Oribe – Mestre em Administração / Consultor e Instrutor de quem recebi uma cópia, salvo engano em 2010.


A referencia é:

ORIBE, Claudemir Y. PDCA - origem, conceitos e variantes dessa ideia de 70 anos. Banas Qualidade, São Paulo: Editora EPSE, ano XVIII. n. 209, outubro 2009, p. 20-25.Artigo PDCA

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